Todo este imbróglio serve para dizer que muitas bandas surgem com o intuito de fazer a diferença, mas poucas conseguem se tornar únicas.
Em meio a toda a confusa cena de música alternativa paulistana, surge uma alternativa de fato às incessantes horas de espera pelas bandas head-liners. Jazzblaster é seu nome.
Formada em
As letras, em português, consagram Vini F., principal letrista da banda, como o grande compositor que o grande público ainda não conheceu. Vini F. trouxe para o rock´n´roll a sutileza em letras inteligentes, sem soarem "engraçadinhas". São canções repletas de poesia, que nos envolvem em um mundo particular e peculiar.
Outro fato relevante em relação à dinâmica da banda foi o modo como o seu disco de estréia, Isto Não é Um Disco de Jazz (2007) foi lançado. Antes do Pato Fu ter lançado Daqui pro Futuro no formato virtual primeiro que no formato físico, e muito antes do Radiohead ter surpreendido a indústria fonográfica com o lançamento do seu último trabalho, In Rainbows, para download com valores definidos pelo usuário, o Jazzblaster já havia arquitetado o lançamento mais condizente com o forma de distribuição de música atual: No dia 07/07/2007, ao tocar na Toy Lounge, casa de música alternativa de São Paulo, distribuíram gratuitamente as 8 músicas do disco,
Das 8 faixas do disco, destaco algumas para quem quiser se iniciar no trabalho da banda:
Asfixia faz jus ao nome. Cantada em ritmo frenético que mal pode ser acompanhada, faz com que sintamos vontade de gritar a plenos pulmões: “meu sangue jorra cada dia mais, meu sangue pede uns minutos mais”, diz a letra, que também te dá liberdade o suficiente para nunca mais precisar limpar o que sujou.
A música que mais me impressiona é As portas e os Olhos Entreabertos, pelo ritmo suave e límpido, e a letra descritiva de um caso de solidão. “Passava as mãos tirando o pó da velha escrivaninha azul” é uma prévia de versos cativantes.
Ida, última faixa do disco, insere o ouvinte em um universo semelhante ao d´O Processo, de Kafka. Ao iniciar a música assim: “...e só por isso não vou te levar embora daqui”, o compositor faz com que fiquemos sem saber o motivo do abandono e do castigo, tal como Joseph desconhecia o motivo de seu julgamento no livro citado. A letra começa reticente, e cria reticências interpretativas também.
Tive a oportunidade de conferir a banda ao vivo, infelizmente, por apenas uma vez. Como já citado nas primeiras linhas, precisei esperar algumas bandas, que como de costume atualmente, pecam pelo excesso de humor e ainda acreditam que atitude é subir ao palco e falar mal do Caetano Veloso.
Contudo, o Jazzblaster não decepcionou e fez um belo show, mesmo que curto. A banda tem muita energia e carisma, ótimas músicas e ótimas letras, e acima de tudo, originalidade. Nani e Vini se revezam na guitarra e baixo, Pablo toca bateria enquanto canta em uma cover do Weezer, criando uma ambiente intimista, descontraído, e proporcionando um verdadeiro deleite aos olhos e ouvidos. Sinceramente, não entendo como ainda não conseguiram um destaque maior na mídia, especializada ou não, o que faria com que os shows fossem mais freqüentes e a justiça fosse feita.
Há perguntas cujas respostas são indefinidas: Será que existe vida após a morte? Será que existe vida em marte? Será que garagens ainda produzem boas bandas no Brasil?
Se depender do Jazzblaster, ao menos uma destas perguntas já tem resposta.
P.S.: Devido à dificuldade de lançamento do disco em formato físico, em breve a banda o disponibilizará para download em seu site. Não importa se é um disco de jazz ou não. O que importa é que é música de altíssima qualidade, o que é sempre bem-vindo.
Por enquanto, alguns vídeos e músicas podem ser conferidos nos links abaixo:
http://www.myspace.com/thejazzblaster
Comunidade no Orkut com Participação
dos Integrantes da Banda: Entre Aqui